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Privatizações, um mal neoliberal que nunca foi embora


Henrique dos Anjos

O século XIX (dezenove) foi o momento onde o capitalismo mais se expandiu. As teses liberais de Adam Smith caiam como uma maravilha. O mundo abandonava de vez a aristocracia feudal e dava longos e rápidos passos a uma nova era. Uma era onde a produção e a globalização da humanidade trouxeram maravilhas em diversos campos. Uma classe social, nascida dentro do Feudalismo, a burguesia, se firmava mais e mais. Porém, enquanto números de produção e expansão eram admirados uma outra realidade ficava cada vez mais escondida. Para construir tudo que estava sendo erguido e acumulado à classe burguesa necessitava de outra classe, que nasceu com a Revolução Francesa, a Revolução que trouxe o capitalismo para nós: os trabalhadores.

Toda mídia e ideologia que cresciam eram, como ainda é, da vontade da burguesia. Afinal, quem financia tudo isso (televisão, rádio, cinema, propaganda, partidos corruptos)? Assim se mascarava como podia o que se esconde até hoje, que são os trabalhadores assalariados que verdadeiramente põe a mão na massa e geram toda e qualquer riqueza. Com um mal estar cada vez maior da população explorada, miserável, pobre, sem direitos, com filhos ao lado nas fábricas e horas exaustivas de trabalho o resultado só poderia ser um: Revoltas populares! Temos aqui muitos exemplos. Mas vou dar atenção especial à ocorrida na Rússia, a qual já citei aqui. Eles não fizeram só uma Revolução, eles tocaram uma faca no coração do capitalismo. Toda a burguesia mundial tremeu de medo de perder seu poder e influência. A consequência foi que isso empolgou os trabalhadores de todo o mundo, numa luta dura contra um sistema cada vez mais forte, administrado pelo Estado, com presidentes e parlamentares, beneficiando a tal classe dominante.

Para conter as revoltas pelo mundo a burguesia orientava os governantes a criarem altos impostos sobre ela mesma. Gerando muita receita e um Estado forte. Sacrificando, nesse período, o capital e não o trabalho. Tudo para que o capitalismo não acabasse. Assim, de forma muito simplificada, os países mais desenvolvidos do mundo cresceram durante o século passado. Nada veio por boa vontade. Mas isso tinha data de validade. Consequências políticas e econômicas em todo mundo fizeram os lucros crescerem cada vez menos. Como diz um amigo professor: “O capitalismo não apresenta mais horizonte humanista desde a primeira guerra mundial”. Era preciso, para esses sanguessugas já muito ricos e poderosos, atacar o trabalho em detrimento do capital. Foi ai que começou, com o presidente Ronald Reagan nos EUA, na década de 80, o neoliberalismo. Um pacotão do Estado – balcão de negócios onde os ricos imponham suas vontades – para a burguesia. Uma das mazelas do neoliberalismo, que trouxe e continuará trazendo mais barbárie à humanidade, foi à entrega das empresas públicas para o capital privado. Agora essas empresas que contribuíam muito para o orçamento dos países, consequentemente o dinheiro poderia ser investido em saúde, educação ou outras áreas, se transformaram em lucros exorbitantes de quem já tinha muito. Com o fim da União Soviética e sem “inimigos” para mascarar suas guerras o neoliberalismo segue a todo vapor. O capitalismo já não serve a humanidade e nem ao nosso planeta. O FMI quer privatizar toda Grécia e o governo Dilma prepara um pacotão (chamando de concessões) para seus financiadores e banqueiros, tudo com um carinhoso apoio dos parlamentares do PSDB, PMDB e Cia.

A privatização sempre vem com a desculpa enfarrapada que empresa pública é mal gerida e cheia de corrupção. E pelo jeito isso pode chegar a Jaguaruna. Tal ação só favorece empresários e seus comparsas políticos. A população, junto com os trabalhadores e jovens, que são sempre a maioria, não pode deixar isso acontecer. Devem se unir e lutar. O povo em São Paulo já vive essa experiência. Com o desmonte e privatização da SABESP, feita pelos governos tucanos, hoje a população vive uma seca inimaginável, podendo faltar água a qualquer momento. Um vendaval passou pela SAMAE de Jaguaruna nos últimos dias. Sai um amigo da direção e entra outro, dois nomes importantes na política da cidade a qual sempre foram queridos comigo. Mas torço que a notícia da privatização seja apenas mais uma conversa de bar...


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